S.T.A.R.S Home - 8º Dia

8º Dia

As horas passaram, e mais uma vez a luz do sol penetrou nos perturbadores aposentos da mansão. Num deles, Jill e Chris haviam novamente passado a noite em claro. Ela devido ao enorme sentimento de culpa causado pela morte de Rebecca, e ele por sentir a obrigação de fazer de tudo para consolar a amada.
- Foi minha culpa, Chris - afirmou a policial, soluçando. - Se não fosse por mim ela estaria aqui viva neste momento.
- Não foi culpa sua, Jill! - exclamou o atirador, nervoso com aquelas palavras que para si não tinham qualquer fundamento. - Você fez o possível para salvar todos nós! Chegou até seus limites tentando manter todos do grupo vivos! Não poderia haver atitude mais nobre vinda de uma pessoa como você, Jill!
A jovem abriu um sorriso amável, enxugando as lágrimas do rosto, e em seguida beijou Chris brevemente nos lábios. Logo depois ele continuou:
- Nunca mais diga que teve culpa de alguma coisa. É isso que Blue King quer. Ele deseja que enlouqueçamos devido aos atos que ele mesmo faz, os quais pensamos serem fruto de nossas próprias atitudes. Mas isso não é verdade. Temos de nos manter sãos aqui dentro, Jill, ou nunca sairemos vivos!
A policial assentiu com a cabeça, pensando em como ela e Chris possuíam o dom de um consolar o outro nas horas mais difíceis. Era por isso que eram grandes companheiros, era por isso que se amavam.
- Vamos até o hall, Jill, aquele sádico deve ter mais alguma tarefa para nós! - disse Chris.
Temendo o que Blue King lhes ordenaria aquele dia, o casal deixou o dormitório, dirigindo-se até o local.
No hall, Chris e Jill sentaram-se nos degraus da escada, aguardando a chegada de Wesker. Ele estava demorando bastante aquela manhã, algo que causou estranheza nos dois jovens. Redfield imaginou se ele já não estaria morto em sua cama, vítima da ira de Blue King enquanto dormia, porém seu pensamento, ou talvez até desejo, mostrou-se falso assim que o antigo capitão do S.T.A.R.S. surgiu por uma das portas do segundo andar.
 
O casal percebeu que Wesker, com o corpo repleto de ataduras devido aos ferimentos sofridos no dia anterior, mancava disfarçadamente e tinha a pele bem pálida. Intrigado, Chris indagou:
- Wesker, está tudo bem?
- Sim, Chris, por que não haveria de estar? - replicou o traidor com sua frieza habitual. - Aliás, é impressão minha ou está preocupado comigo?
- Eu, preocupado com você? - riu Redfield com ironia. - Prefiro me preocupar com o que você pode fazer conosco, Wesker!
- Dadas as presentes circunstâncias, acredito que deveria ter maior cautela com Blue King do que comigo neste momento! - afirmou Albert após tossir brevemente.
Nisso, a amedrontadora voz do mestre daquele jogo insano ecoou pelo hall:
- Espero que estejam prontos para mais um dia. Como vêem, agora vocês são apenas três, e para terem chegado até aqui significa que foram os melhores entre todos.
- Você foi responsável pela morte de todos os outros, maldito! - bradou Chris, apontando um dedo indicador para o teto num gesto provocador. - Se não fosse você, nossos amigos estariam aqui conosco!
- Culpar-me pelo infortúnio dos demais hóspedes não os ajudará a sair desta propriedade, senhor Redfield. Aliás, deveriam estar agradecidos, pois hoje poderão respirar um pouco de ar fresco.
- O que quer dizer? - inquiriu Jill.
- Logo após o café da manhã, que foi especialmente preparado com alimentos contendo os nutrientes necessários para a realização das tarefas de hoje, vocês seguirão até os fundos da mansão, de onde terão acesso ao pátio e, depois dele, a casa de guarda.
- A casa de guarda... - murmurou Chris. - Vejo que, após tanto tempo, voltaremos a explorar aquele lugar...
- Creio que tal passeio fará bem especialmente ao senhor Wesker, o qual parece hoje um pouco indisposto - continuou Blue King. - Enfim, sigam agora para a sala de jantar, o café os aguarda.
E assim o fizeram.
Aquela refeição matinal estava sem dúvida saborosa, um raro prazer naquela casa de horrores. Servindo-se de um pudim, Chris notou que Wesker tinha certa dificuldade até para comer. Havia algo de errado acontecendo com ele, e precisava descobrir do que se tratava...
Logo após terminarem o café, o trio voltou ao hall, onde analisou o mapa da mansão em busca da saída para os fundos. Assim que a encontraram, avançaram pelos corredores vazios na direção do lugar. Este ainda era o mesmo da antiga mansão, porém havia uma diferença: ao invés de haver um painel ao lado da porta para a inserção dos crests, existia agora uma placa de metal com uma estranha inscrição, a qual foi lida por Jill em voz alta:
- "Assim que o anjo das trevas foi fulminado sobre a Terra, as portas do mundo se abriram para o pecado".
- O que isso quer dizer, afinal? - indagou Chris, confuso.
- Olhem para cima! - disse Wesker.
Fazendo isso, Chris e Jill perceberam que, presa ao teto por meio de um cabo a alguns metros do chão, havia uma estátua de pedra representando um anjo. Depois fitaram o piso sob seus pés, e viram que a área próxima à porta possuía uma coloração distinta do resto.
- Estão pensando no mesmo que eu? - perguntou Albert.
Redfield assentiu, sacando uma pistola Beretta que encontrara no laboratório um dia antes, pouco depois da luta contra o Tyrant. Não era à toa que era o melhor atirador do S.T.A.R.S., pois, após fazer mira por um instante, pressionou o gatilho e a bala atingiu o cabo em cheio, rompendo-o. A estátua caiu exatamente sobre a parte diferente do piso, espatifando-se. Simultaneamente, um som mecânico foi ouvido. A porta acabara de ser destrancada.
- Vamos! - exclamou Wesker, já prosseguindo pela entrada.
Chris ainda não se conformava em ter que seguir ordens vindas de seu antigo capitão, mas ao voltar a cabeça para Jill por um instante, ela lhe disse com o olhar que aquilo era necessário. Assim, mais calmo, cruzou a porta junto com a amada.
Logo que ganharam o pátio dos fundos, uma brisa gélida tocou os rostos dos três sobreviventes. O dia estava totalmente nublado, céu escuro, causando a impressão de que era noite. Alguns raios, seguidos de intensos trovões, podiam ser vistos e ouvidos sobre as montanhas. Até a natureza parecia conspirar com Blue King para que a estada dos S.T.A.R.S. naquele lugar fosse mesmo um inferno.
- Pelo que me lembro, havia um elevador virando pela esquerda - disse Jill, apontando para uma extensão do jardim. - Descendo por ele, sairemos quase na entrada da casa de guarda.
- Não sei, muita coisa aqui está diferente - observou Chris, olhando ao redor com certa apreensão.
- Talvez nem tudo... - murmurou Wesker que, para surpresa dos outros dois, estava se coçando. - Vamos nos dividir, avançando por diferentes caminhos, e assim nos encontramos lá embaixo! Chris e Jill, sigam pelo portão que leva até a represa. Eu darei uma olhada no elevador que Valentine citou.
- OK - concordou a jovem.
Assim se separaram, sendo que o casal estranhava cada vez mais a aparência e as ações de Wesker desde o começo daquele dia.
Logo após cruzarem o portão enferrujado, Chris e Jill adentraram a área onde na antiga mansão existira uma represa. As coisas ali não haviam mudado tanto: o tanque com água ainda existia, porém algumas diferenças eram sim perceptíveis: numa das bordas era possível contemplar uma grande estátua de Netuno, deus dos mares na mitologia greco-romana, e a depressão era agora cercada por um beiral de pedra com colunas esculpidas em forma de sereias. Sobre ele existia uma inscrição ao menos curiosa:
"O maior tesouro dos mares não está enterrado em alguma ilha com um X marcado em cima, mas se encontra nas vastas profundezas do desconhecido".
- O que isso pode querer dizer? - quis saber Chris, coçando o queixo assim como o velho Barry costumava fazer diante de algum enigma.
- Há algo dentro do tanque! - concluiu Jill, abaixando-se na borda para ver melhor, porém a escuridão daquele dia dificultava a distinção de qualquer coisa no fundo da represa. - Sou a que nada melhor aqui, portanto vou entrar aí dentro para averiguar!
- Não, é perigoso! - protestou Redfield, preocupado com a mulher que tanto amava.
- O que nesta propriedade não é perigoso, Chris? - perguntou Jill num sorrisinho, já sentando na beirada do tanque e tirando a roupa e as botas para mergulhar.
O atirador assentiu, enquanto via a amada, apenas de lingerie, entrar na água à procura do que quer que houvesse ali. Ele aguardou alguns instantes, caminhando sobre o pavimento numa vã tentativa de ocultar sua preocupação, até que Jill emergiu triunfante no centro da represa, tendo algo brilhante numa das mãos.
- O que é isso? - indagou Chris.
- Um medalhão dourado possuindo uma gravura de Netuno com seu tridente - respondeu a policial, nadando de volta à borda do tanque.
Com a ajuda de Redfield, Valentine subiu até a beirada. Ela estava totalmente molhada, e o rapaz viu-se completamente fascinado pelo lindo corpo de Jill, cujas formas perfeitas estavam à mostra. Enquanto se secava, a policial cogitou:
- Creio que esse medalhão deva ser encaixado em algum lugar...
- Hei, espere aí! - exclamou Chris. - Olhe aquilo!
A coluna de pedra onde antes havia um orifício para o encaixe de uma manivela, com a qual funcionava o mecanismo de esvaziamento da represa, ainda estava ali, porém agora havia nela uma depressão circular onde muito provavelmente deveria ser inserido o medalhão. Acima dela existia outra inscrição intrigante:
"O despertar de Netuno pode provocar a ira de Caríbdis".
- Essa mensagem desencoraja qualquer um a botar o medalhão aí - disse Chris, tenso.
- Precisamos tentar! - discordou Jill, inserindo a peça no orifício.
Tal ação provocou uma série de reações: primeiramente, o tanque foi esvaziado, revelando um elevador onde antes existira a comporta da represa. Em seguida duas aberturas se abriram na beirada onde estavam Chris e Jill, pelas quais surgiram dezenas de cobras peçonhentas.
- Ah, meu Deus! - gritou Valentine, horrorizada.
- Corra, Jill! - ordenou Redfield, esmagando com a bota a cabeça de uma serpente que estava prestes a morder o calcanhar da jovem.
A policial apanhou rapidamente suas roupas e correu junto com Chris para dentro do tanque. As cobras os seguiam, rastejando em direção à presa, entretanto o casal foi mais rápido e entrou no elevador, descendo por ele velozmente.
- Essa foi por pouco! - afirmou Chris, aliviado.
A descida terminou num pátio já conhecido pelos S.T.A.R.S., mas que por sua vez também estava um pouco diferente: o elevador ficava agora no local onde antes existira a entrada para o subsolo da mansão, os túneis em que Chris e Jill haviam enfrentado uma verdadeira horda de Hunters. O portão que levava à casa de guarda estava no mesmo lugar, e diante dele Wesker já os aguardava, braços cruzados.
- Como foi o trajeto de vocês? - perguntou ele, fazendo de tudo para esconder seu evidente estado de doença.
- Apenas alguns poucos contratempos - respondeu Chris, olhando brevemente para Jill, que terminava de se vestir. - Podemos ir em frente?
- Com toda certeza!
Dessa forma entraram pelo portão, totalmente incertos a respeito dos próximos enigmas e perigos que teriam de vencer...
A casa de guarda continuava a mesma: paredes, teto e chão velhos de madeira, com teias de aranha e buracos aqui e ali. Os passos dos três recém-chegados faziam toda a estrutura ranger com agonia, como se fosse entrar em colapso a qualquer instante.
- É, parece que este lugar foi o que menos mudou - constatou Chris, olhando para o corredor repleto de portas. - E então, onde averiguamos primeiro?
- Blue King tem alguma coisa preparada para nós aqui - disse Wesker depois de tossir por alguns segundos. - Você e Jill podem inspecionar a antiga sala de jogos, eu darei uma olhada nos quartos!
- Você gosta mesmo de agir sozinho, não? - resmungou Valentine.
- Sim, de fato. Eu prefiro fazer as coisas por mim mesmo ao invés de ter atrás de mim alguns ex-comandados que podem acabar arriscando minha pele...
Chris teve vontade de partir para cima de Wesker e quebrar ao meio os óculos escuros de seu antigo superior, porém os dias que vinha passando naquela propriedade o estavam ajudando a dominar seu caráter impulsivo. Teria apenas de aguardar até poder sair dali... Não faltava muito para isso, ao seu ver...
Dessa maneira o grupo mais uma vez se dividiu, mentes cautelosas e corações acelerados.
A sala de jogos estava praticamente idêntica à original, com a diferença de que agora não havia aranhas gigantes zanzando pelo teto e a mesa de sinuca se encontrava numa posição diferente. Apreensivos, Chris e Jill deram alguns passos pelo local, procurando algo que pudesse ser a pista de um quebra-cabeça. Olhando com atenção para o assoalho, Redfield acabou encontrando, num canto escuro do cômodo, uma bola de bilhar preta com o número 8.
- Veja só o que eu achei! - disse Chris, mostrando o artefato a Jill.
- Interessante... Uma bola dessas costuma ser considerada amuleto da sorte por alguns supersticiosos...
- Sorte? Bem, espero que ela permita que nós saiamos vivos daqui!
Valentine sorriu, enquanto o policial seguia até a mesa de sinuca. Intrigado, viu sobre ela um pequeno bilhete que continha os seguintes dizeres:
"O objeto da sorte trará a chave para os ramos mortais".
- Ramos mortais? - estranhou Jill. - A que isso pode estar se referindo?
- Não sei, mas só descobriremos se conseguirmos essa maldita chave... - murmurou Chris.
Nisso, ambos perceberam que na parede próxima à mesa havia um pequeno painel com três buracos, e em cada um cabia perfeitamente uma bola de bilhar. Após fitar o curioso mecanismo por alguns instantes, Redfield disse:
- OK, ele quer o número 8... Mas aí há três buracos ao invés de um!
Foi quando, ao olhar para a mesa, Jill solucionou o mistério:
- Não é necessariamente a bola número 8...
Dizendo isso, a jovem apanhou as bolas de números 4, 3 e 1, cuja soma era nada mais que 8. Encaixando-as no painel, ouviu-se um som, e um compartimento secreto na mesa de sinuca foi aberto, revelando em seu interior uma chave dourada.
- Agora só precisamos descobrir onde usar esta chave - disse Jill, apanhando o achado. - Vamos, Chris! Não temos tempo a perder!
Deixaram então o recinto.
Wesker estava trancado no pequeno banheiro anexo ao dormitório 001. Debruçado sobre a pia, havia tirado os óculos escuros e estava sem coragem de fitar o próprio semblante no espelho embaçado. Ao finalmente levantar a cabeça, deparou-se com um Albert Wesker pálido como um fantasma e de olhos extremamente irritados.
Ele simplesmente não podia acreditar. O que julgara impossível havia se tornado realidade. Estava infectado pelo vírus que ajudara a criar. Infectado, e não havia chance de cura.
Chris e Jill com certeza já haviam percebido os sinais. Desde que entrara naquele cômodo até aquele instante, poucos minutos depois, feridas haviam surgido por todo o seu corpo. A velocidade de infecção em si estava muito mais rápida que o normal, talvez devido às mutações que seu organismo sofrera. Quem diria... Wesker acabaria vencido pelo maldito T-Virus, transmitido através das feridas provocadas pelos Hunters no dia anterior... Deus, como pudera ser tão imprudente? Não era invencível, afinal...
A questão naquele momento era aceitar o destino e realizar o que mais ansiava na vida antes de perder a consciência e tornar-se um zumbi: vingança. Sabia que seria morto por Blue King se assassinasse Chris, mas agora Wesker ia morrer de um jeito ou de outro. Preferia passar seus últimos instantes estrangulando seu arquiinimigo do que ficar ali se lamentando inconformado. Albert já tomara sua decisão. Cambaleando, deu um soco na pia e deixou o banheiro para iniciar sua caçada.
Após percorrerem mais algumas portas e corredores, Chris e Jill, que tentavam a todo custo se manter sãos diante dos horrores que enfrentavam, chegaram à área onde, na casa de guarda original, havia uma enorme colméia de abelhas mutantes. No exato local em que ela antes se encontrava via-se agora a estátua de uma deusa, no pedestal da qual havia uma espécie de compartimento trancado.
- A chave! - deduziu Jill, tirando do bolso o artefato encontrado na sala de jogos.
A tranca foi removida, e os dois policiais viram que o interior do cubículo guardava dois frascos contendo um líquido de tonalidade marrom. Chris apanhou um deles, percebendo que havia uma etiqueta presa ao recipiente com a inscrição "V-JOLT".
- Eu me lembro disso! - disse Valentine. - É o composto químico que utilizei para enfraquecer a planta gigante que havia neste lugar!
- Planta gigante? Isso significa que...
Redfield não teve tempo de terminar a frase. Num grande estrondo, uma porta dupla a poucos metros do casal foi empurrada para frente com violência, partindo-se em mil pedaços. Pela abertura surgiram então alguns tentáculos de dimensões descomunais, cor azulada...
- Oh não!
Wesker sentia cada vez mais dificuldade em andar. Estava extremamente debilitado, porém o desejo de quebrar todos os ossos de Chris e derramar cada gota de seu sangue parecia revitalizar as células de seu corpo infectado. Tinha de seguir em frente, precisava se vingar do homem que arruinara seus planos...
Chris e Jill estavam desesperados. Diante de seus olhos, uma nova e mais assustadora versão da Planta 42, de coloração azul e tentáculos serpenteantes que chicoteavam o chão, acabara de explodir a porta que levava à sala adjacente e agora invadia o local com grande rapidez e fúria.
- A única maneira de transformarmos essa coisa em adubo é usar o V-JOLT na raiz - explicou Valentine. - O problema é que da última vez ela estava localizada numa sala no andar de baixo!
- Não desta vez! - disse Chris, apontando para a planta monstruosa. - Veja, ela tem raízes móveis para se locomover! Basta chegarmos perto o suficiente e jogarmos os frascos sobre elas! A questão é como conseguiremos nos aproximar sem sermos pegos pelos tentáculos...
- Eu distraio a planta enquanto você faz isso! - propôs Jill, entregando um dos recipientes para o rapaz.
- Não, é perigoso!
- Não temos muita escolha...
A policial correu para um canto da sala, esperando que os tentáculos do vegetal mutante viessem em sua direção. A maioria deles o fez, rastejando até Jill, porém os restantes permaneceram de prontidão, como se aguardassem também a aproximação de Redfield. Amaldiçoando mentalmente a suposta inteligência da planta, Chris atirou o primeiro frasco de V-JOLT sobre as raízes. Este se quebrou com o choque, fazendo a substância escorrer pelos tecidos azulados do ser abominável, queimando-os. A Planta 42, mesmo enfraquecida, aparentou ficar irritada com o ocorrido, e envolveu Jill com seus tentáculos empregando grande força. Gemendo, a jovem foi erguida do chão, ao mesmo tempo em que Chris tentava se livrar de alguns outros membros do vegetal-monstro para atirar nele o segundo frasco.
- Agüente firme, Jill! - pediu ele, preocupado com a amada.
Nesse instante, tendo sua cintura cingida por um tentáculo, Redfield também foi levantado do piso. Com uma crescente dor em seu corpo, provocada pelos órgãos sugadores que tentavam beber seu sangue, Chris, incapaz de mirar com precisão, jogou o segundo recipiente de V-JOLT nas raízes, com a esperança de acertar...
E, felizmente, foi o que aconteceu. Os tecidos inferiores da Planta 42 derreteram de vez, fazendo-a desfalecer agonizantemente. Os tentáculos soltaram os dois S.T.A.R.S., ao mesmo tempo em que o vegetal mutante tombava sobre o chão, exalando vapores ácidos enquanto se extinguia de uma vez por todas.
- Conseguimos! - exclamou Valentine num sorriso.
Nisso, a porta que levava ao corredor anterior à sala se abriu. Por ela surgiu Wesker, sem os óculos escuros, cambaleando com enorme dificuldade até seus antigos comandados. Seu estado era lamentável: os olhos estavam opacos, quase sem nenhum brilho, e seu corpo, repleto de feridas, encontrava-se banhado em sangue, suor e pus.
- Wesker! - disse Chris, visivelmente espantado. - O que houve?
- Eu vou morrer, Chris... - afirmou ele em tom mórbido, voz sumida. - O T-Virus corre agora em minhas veias. Mas não posso partir desta vida sem terminar o que comecei... Eu quero seu sangue, Chris! Seu sangue!
Nesse momento a transformação em zumbi foi concluída, e Albert, tomando certo impulso num gemido apavorante, correu na direção de Redfield para afundar seus dentes no pescoço do rapaz, braços esticados como um sonâmbulo.
O casal mais que depressa recuou, procurando se afastar o máximo possível do morto-vivo. Chris, que ainda tinha sua Beretta, sacou-a de imediato e disparou contra a cabeça de seu ex-capitão. Para surpresa de ambos, Wesker, mesmo com um buraco na testa por onde jorravam rios de líquido vermelho, continuou firme de pé, avançando na direção deles.
- Ele é muito mais forte que os zumbis normais! - concluiu Jill, pensando numa forma de detê-lo.
- Mas não pode ser invencível! - rebateu Redfield. - Ninguém é invencível!
Mais um tiro na têmpora esquerda de Albert, e este nem ao menos se abalou. Aquilo era um verdadeiro pesadelo. O casal correu até a saída da sala, tendo um incansável Wesker zumbi em seu encalço.
Moribunda Planta 42 se ergueu atrás do morto-vivo, agarrando-o violentamente pelo pescoço. Emitindo sons guturais, substância rubra escorrendo de sua boca, Wesker se debatia na tentativa de se libertar, porém sua força não poderia superar a do vegetal, mesmo este estando à beira da morte. Numa cena grotesca, o sangue coagulado de Albert foi sugado pela planta, seu corpo ficando ainda mais pálido e fraco. Com o término do banquete, o tentáculo finamente soltou a presa e tombou sem vida, últimas energias esgotadas com aquele enorme esforço, e o corpo de Wesker, seco e debilitado, foi jogado sobre o piso.
Chris e Jill se aproximaram. O zumbi ainda estava ativo, porém mal conseguia se levantar, gemendo agora como se reconhecesse sua derrota. O atirador trocou breve olhar com a amada e apontou a Beretta para a cabeça do morto-vivo. Uma bala no centro do rosto de Wesker foi o suficiente para que ele nunca mais voltasse a se mover. Morto, definitivamente.
- Deve estar orgulhoso, senhor Redfield - a voz de Blue King ecoou pelo local. - Justiça finalmente foi feita. O traidor dos S.T.A.R.S. conheceu seu fim.
Todavia, o que Chris menos sentia naquele momento era orgulho de seu feito. Em sua mente havia apenas um imenso pavor em relação a tudo que vinha vivendo naquele lugar. Apenas pavor...
 
Tenha bons sonhos, se puder...

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