Mini Conto - Delírios Verdes
Olá, Doces Psicóticos...Hoje trago a vocês esse pequeno conto, "Delírios Verdes". Encha bem seu copo com o mais puro Absinto e deguste esse "ácido delírio"...
Estou sentado em minha cama, de
onde observo todos os pontos do meu pequeno apartamento de um cômodo só. As
luzes estão apagadas, e se não fosse pela luminosidade prateada, e fria, da
lua, todo o ambiente estaria imerso em trevas. Na mão direita seguro um copo,
contendo os últimos mililitros de bebida verde, que à pouco tempo preenchia a
garrafa, agora vazia, que repousa sobre a mesa da cozinha. Em um único gole,
faço a bebida escorregar garganta abaixo. Deito-me de costas, largando o copo,
que tilinta contra o chão. Minha cabeça parece pesar uma tonelada e a garganta
arde, em resposta ao liquido recém ingerido.
De olhos fechados, e assim
permaneço, mesmo ouvindo um fraco som de risada. Tenho a sensação de que não
estou sozinho. Alegro-me com isso. Quando abro os olhos posso ver uma esfera
verde fosforescente flutuar próxima do teto. A esfera de luz se desfaz, restando
agora a figura de mulher. Rosto de menina, em corpo de mulher formada, com
curvas doces e provocantes. Ela flutua sobre mim, próxima do teto, seu corpo
paralelo ao meu, suas asas sopram sobre meu corpo nu, uma brisa gostosa e
quente, que me faz arrepiar.
- Você voltou!!! – digo eu, não escondendo minha alegria.
Minha convidada por sua vez
apenas sorri, docemente. Seu olhar
desvia para a mesa, onde repousa a garrafa, cujo rotulo exibe em letras grandes
a palavra: “ABSINTO”. Seu rosto se volta para mim, agora iluminado por um
grande e largo sorriso de aprovação. Com um bater de asas, minha nova amiga se
dirige para a garrafa, ela pega o recipiente em suas doces e delicadas mãos de
fada, deposita dentro da mesma um pó brilhante, e como em um passe de mágica, a
garrafa volta a estar cheia. O líquido brilha, na mesma intensidade verde
metálica, de minha doce visitante.
- Como posso retribuir-lhe, minha querida? – pergunto satisfeito pelo
presente que acabo de receber. Ela voa até a pia, onde a louça transborda. De
lá retorna portando uma faca e um sorriso endemoniado nos finos lábios. Minha
pequena lança o objeto, que pousa ao meu lado na cama. Entendo prontamente as
suas intenções.
- Desculpe te decepcionar meu anjo, mas não sou Van Gogh, tampouco Jean
Lanfray. – Digo sorrindo. Ela por sua vez compila em seu rosto a expressão
de uma criança pidona, mas com sorriso de malícia de quem sabe que vai
conseguir o que quer, talvez não hoje, talvez...
Minha cabeça dói, o sono está
chegando depressa, fecho os olhos. Posso sentir sua presença, agora bem próxima
de mim, ela me toca a testa com os lábios, em um beijo quente e gostoso, no
movimento seguinte ela sussurra em meu ouvido, com a mais linda voz de menina
mulher que esse mundo já ouviu.
- Tenha bons sonhos, se puder...
Assim como em sua chegada, ela
parte do meu quarto em uma esfera verde luminosa. Eu aperto com força as
pálpebras, fechando os olhos com força de fazer a testa franzir, e inicio uma
oração, pedindo as forças do mundo para que eu esteja vivo no dia seguinte, e
se possível, com todos meus membros intactos. Peço também para que a faca, que
agora repousa em meu lado, amanheça como ela está agora, com sua lâmina limpa e
sem provar uma única gota de sangue inocente. Termino a oração e me entrego ao
cansaço, o delírio verde logo acabará.
(Autor - FSG).
Tenha bons sonhos, se puder...
Saaai capeta! kkk Muito bom esse conto, parabéns, Fernando.
ResponderExcluirDa última vez que bebi uma garrafa de Absinto sozinho era uma fada negra com longos cabelos brancos e uma anja pálida com cabelos negros... era estranho ver-las deitado do chão se beijando e bebendo mais Absinto... eu podia jurar que tinha terminado com a garrafa...
ResponderExcluirO absinto é uma bebida que exerce um certo fascínio em mim, seja pelo ritual para ser consumido (La Louche), ou pelos artistas influenciados pela bebida. Em especial Edgar Allan Poe, um dos grandes na arte de escrever fantasia e terror...Os "delírios verdes" já influenciaram muita gente...rsrsr.
ResponderExcluirObrigado pelos comentários...