S.T.A.R.S Home - 7º Dia

7º Dia
 
A noite anterior não havia sido fácil para nenhum dos sobreviventes. O soluço de Chris e o som da parede sendo esmurrada ecoava por todos os cômodos. Todos sabiam da dor que ele sentia nesse momento, do vazio, da inevitável sensação de culpa e de inutilidade por não ter podido fazer nada por sua irmã.
Todos se levantaram ao som da voz de Blue King, que invadiu a casa e os quartos através das caixas de som. Desceram as escadas, juntos, e se reuniram no Hall principal. Não só Chris, mas todos estavam pálidos e abatidos, pela noite mal-dormida e pela tragédia com Claire.
- Bom dia a todos. Ontem, vocês conseguiram todos os crests.
- Às custas de sacrifício da vida alheia... - murmurou Rebecca.
- ...mas conseguimos. - completou Wesker, friamente.
Jill se pôs diante dele, prevendo que Chris o faria, o que seria muito pior, não só nesse momento, mas em qualquer situação.
- Como você pode ser tão frio, Wesker? Estamos aqui, todos no mesmo barco...
Wesker deu de ombros e fingiu tentar ouvir Blue King.
- Bem, bem... Como eu dizia... - Blue King pigarreou. - Como eu dizia, vocês irão usar o Crest no local assinalado no mapa.
Jill começou a vasculhar os bolsos, procurando pelo mapa.
- Ah, meu Deus... O mapa...
- O que foi? - perguntou Wesker.
- Ficou com a Claire ontem. Não temos mais mapa.
Um burburinho invadiu a sala.
- Não se preocupe, Srta. Valentine. E tampouco os outros. Há outro mapa na mesa da sala-de-jantar, onde o café-da-manhã está servido. Ao chegarem no local indicado, eu lhes darei novas instruções. Boa sorte.
Novamente, o estampido de um microfone sendo desligado.
- Certo. Agora somos uma equipe só. - disse Wesker, olhando para todos. - Onde estão os crests?
Rebecca retirou um do bolso, Jill e Chris fizeram o mesmo, Wesker também.
- Vamos buscar o mapa e começar logo a procurar o local.
 
* * * 
 
- Aqui diz... - Wesker observa o mapa, sentado numa cadeira, os outros o acompanham de pé, à sua volta. - O local de uso dos crests fica no primeiro andar.
- Como da primeira vez. - diz Jill, e sorri ironicamente.
- Não. - diz Wesker, olhando fixamente para o papel em suas mãos. - Eu conhecia essa mansão muito bem...
Chris e Jill se entreolham com uma expressão de ódio, quando Wesker começa a frase.
- E a localização está diferente, dessa vez. Fica no mesmo andar, mas em outro lugar. E fica próximo do local original.
Wesker se levanta, dobrando o mapa e enfiando-o nas vestes.
- É melhor irmos até lá.
Chris e Jill se colocam à sua frente. Wesker afasta os óculos e exibe seus olhos amarelos.
- O que foi agora?
- O mapa, Wesker. - diz Chris.
- O que tem?
- Entregue para nós.
Wesker torce os lábios, formando uma fina linha e forçando um sorriso.
- Não mesmo.
- Não confiamos em você, queremos o mapa agora.
- Já disse que não entrego. Sou o líder da equipe. - sorri cinicamente. - O que significa que vocês tem de me obedecer.
Chris dispara um soco no rosto de Wesker ao ouvir a última palavra. Jill tenta contê-lo, mas é empurrada para trás. Rebecca tenta se colocar entre os dois, mas também é jogada para fora do raio da briga. Chris dispara outros golpes contra Wesker, que tenta se esquivar sem sucesso.
- Eu cansei da sua prepotência, das suas tramóias, dessa porcaria de lugar, da Umbrella e todo esse lixo que transformou a minha vida em um inferno. Perdi minha irmã por causa de vocês, bando de desgraçados! - diz Chris, com lágrimas de ódio nos olhos, segurando Wesker pelo colarinho.
- Preferia que você tivesse morrido no lugar daquela vadia da sua irmã! - grita Wesker, esquivando-se de um golpe de Chris e empurrando-o contra a parede. O rapaz bate as costas com força e perde as forças, quase caindo. Wesker o segura e levanta pelo pescoço, enforcando-o. - Já viu esse filme antes, Chris?
Antes que Chris pudesse responder, Jill grita:
- Quietos! Parem com isso!
- Cale essa b... - grita Wesker.
- É sério! Eu... ouvi algo lá fora.
Wesker solta Chris, que começa a tossir, caído no chão. Rebecca corre para ajudá-lo.
Jill, ainda hipnotizada, tenta discernir um som vindo do hall principal.
- Parecem pessoas caminhando...
- Em direção à sala-de-jantar. - disse Rebecca.
- Vindo atrás de nós... - murmurou Chris, ainda tossindo.
Todos se entreolham, apreensivos. Conheciam aquele som. Conheciam aqueles passos. Não eram humanos, eram pesados demais, ameaçadores demais.
Wesker puxou Jill pelo braço, carregando-a para a porta no fundo da sala-de-jantar.
- O que está fazendo? - perguntou ela, tentando se soltar.
- Temos que correr. Chris, Rebecca, melhor virem também.
Chris não teve tempo de contestar, Rebecca o levantou e eles seguiram Wesker e Jill até a porta.
- Esse som... - murmurou Chris.
No momento em que Chris iria terminar a frase, a porta dupla da sala-de-jantar se abriu num estrondo. Duas criaturas escamosas e verdes surgiram, suas garras afiadas denunciavam que já tinham matado antes, havia vestígios de sangue em suas unhas e em seus dentes pontiagudos. Tinham um aspecto de réptil misturado com anfíbio.
- Hunters. - Chris terminou a frase, sentindo as mãos suarem.
Uma das criaturas soltou o que parecia o seu grito de guerra e começou a andar na direção deles. Atrás dela, mais três surgiram e se espalharam pela sala.
- Vamos, corram! - gritou Wesker, abrindo a porta e empurrando os três para dentro.
De onde estavam, podiam ouvir o barulho dos Hunters na sala-de-jantar, aproximando-se da porta por onde acabaram de passar.
- Precisamos achar um lugar. - disse Wesker, olhando para o fundo do corredor. Puxou Jill novamente. - Ali.
Correram para uma porta no fim do pequeno corredor e abriram-na, ao mesmo tempo em que os Hunters derrubaram da sala-de-jantar. Entraram e Jill reconheceu a sala imediatamente, continuava idêntica.
- A sala de música... - sorriu.
Wesker correu até o piano.
- Me ajudem aqui, precisamos tampar a passagem e ficar aqui até pensarmos no que faremos.
Chris, Jill e Rebecca ajudaram Wesker a empurrar o piano na direção da porta, e logo que terminaram, ouviram o estampido de um murro na porta, seguido de um guincho frustrado.
- Conseguimos. - disse Wesker. - Agora... Precisamos pensar em como sair daqui.
Os quatro procuravam por todo o local, tentando descobrir qualquer saída, qualquer lugar que pudessem quebrar e fugir dali. Wesker também procurava, apesar de desviar o olhar cada vez que fitava uma certa parede. Estava começando a suspeitar para onde Blue King queria que eles fossem.
- Eu me lembro de umas passagens, mas elas não estão no mesmo lugar.
- Você deveria saber, Jill, eles mudaram tudo por aqui. - responde Chris agora olhando para o Wesker, percebendo que o loiro estava estranho.
Wesker desviava sua atenção de uma certa parede para a porta da sala de músicas. Estava decidindo se enfrentava os hunters ou não. Sem armas e sem lugar para fugir era complicado.
- O que foi? - pergunta Chris impaciente para Wesker.
- Eu vou acabar com aqueles hunters.
- Você ficou louco? Eles vão...
- Eu POSSO acabar com aqueles hunters e é o que vou fazer.
- Que se dane, então. Jill, Rebecca, vamos encontrar outra saída.
Wesker estalou os dedos das duas mãos, causando arrepios nas garotas que estavam lá dentro, respirou fundo e foi em direção a porta. “Malditos hunters, quando não estão sob meu controle...”.
Não fez cerimônia, abriu a porta de uma vez e saiu, fechando-a logo em seguida.
Chris, Rebecca e Jill sacudiram a cabeça em sinal de reprovação. Wesker era mesmo louco, ou apenas um convencido.
O problema é que, em menos de vinte segundos, a porta da sala de música é estraçalhada e Wesker cai de costas no chão, com um hunter acima de seu corpo. Os outros dois hunters rapidamente entraram na sala onde estavam Chris, Jill e Rebecca, desarmados.
- ESCONDAM-SE! - grita Jill, correndo para trás de uma estante, enquanto Rebecca se escondia debaixo de uma mesa e Chris encarava um hunter de frente, não havia lugar para se esconder.
O animal deu um grito estridente, levantando o braço e arranhando não muito profundo a coxa direita do rapaz, mesmo assim, Chris gritou de dor e antes que conseguisse racionar, sentiu outro impacto dado pelo animal e então foi jogado para longe, exatamente em cima do hunter que estava sobre Wesker.
- CHRIS! - Jill grita do outro lado, mas rapidamente desiste de ir ajudá-lo quando um hunter pula na sua frente, felizmente, ela é mais rápida e desvia do golpe, se jogando no chão e dando uma rasteira no animal. Ele cai e a garota se levanta correndo para o outro lado da sala.
- SAI DE PERTO! - Wesker grita para Chris que havia caído ao seu lado.
O hunter com que Wesker lutava agora a pouco estava voltando. Wesker não demonstrava, mas estava sentindo dor. Os três hunters o haviam atacado ao mesmo tempo nos vinte segundos em que ficou no corredor, foi arranhado nas costas, barriga e pescoço. Conseguiu machucar os três hunters, mas eles estavam incrivelmente rápidos para sua supervisão conseguir acompanhá-los. No mínimo de descuido que teve foi jogado contra a porta da sala de música, fazendo-a estraçalhar por completo.
Pelo menos agora tinha a chance de acabar com dois deles. Empurrou Chris para trás e avançou velozmente até o hunter que estava no ar, saltando para o ataque. Agarrou-o pelo braço jogando-o no chão, pisando em sua barriga e quebrando seus braços, depois suas pernas e por último, quebrando o pescoço.
- Desgraç... - antes que pudesse xingar, o outro hunter veio em sua direção, saltando com garras terrivelmente afiadas, mas Wesker dessa vez foi mais rápido, agarrando-o e fazendo o mesmo que havia feito com o outro hunter.
- AHHH! - grita Jill do outro lado, escondida atrás de uma estante, enquanto o hunter tentava a todo custa alcançá-la, enfiava as garras pelos espaços, mas não conseguia pegá-la. Wesker imediatamente foi lá acabando com aquele hunter com suas próprias mãos.
- DESGRAÇADOS! - gritou, dando um último chute do crânio do animal.
Estavam a salvos.
Wesker vai para um canto da sala, respirando fundo e olhando para o machucado que ganhou na barriga. Estava horrível. Nem queria ver nas costas. “Malditos, eles pareciam mais ágeis que o normal”.
Chris se levanta do chão, também sentindo dor onde havia sido arranhado e vai até Jill.
- Está tudo bem?
- E-estou. - responde a garota olhando para o braço de Chris.
- E você?
- Foi só um arranhão. Onde está a Rebecca?
- Aqui... - Rebecca sai debaixo da mesa, assustada, olhando para todos os lados. - Eles morreram?
- Sim. Eles morreram! - responde Wesker do outro lado da sala, bravo. Vamos sair dessa droga e ir pela escadaria do Hall.
Wesker foi à frente, seguido de Rebecca, Jill e Chris, e por causa da dor, Chris andava um pouco devagar, com uma feição nada boa. Ao chegarem na Sala de Jantar, constataram que a porta que dava para o Hall estava trancada.
- Era só o que me faltava! - Wesker chuta a porta, mas nada acontece. Não era apenas uma porta de madeira, ele acreditava que havia coisas atrás dela, pois não conseguia abrir de nenhum jeito. “Droga, só resta aquele lugar”.
- O que vamos fazer agora? - indaga Rebecca. - Na sala de música não tem saída, aqui também não. Estamos presos, o que o Blue King está querendo afinal? Não tem como usarmos esses crest...
- Cala a boca. - Wesker começar a voltar para a sala de música.
- HEY! Onde você está indo? - indaga Chris, respirando ofegante.
- Apenas me sigam. - o loiro responde friamente.
- Eu não tenho que te obedecer.
- SIM! VOCÊ TEM! Pois um dos crest está em minha posse e você com certeza vai precisar dele. Agora vamos voltar para a sala de música antes que eu me arrependa.
Antes que conseguisse responder o desaforo, Chris cai de joelhos no chão, tossindo.
- Chris! Você está bem?
As duas garotas correm até ele, achando estranho a fraqueza em que ele se encontrava. Rebecca toma o pulso, febre e examina o arranhado no braço de Chris. Aquele sangue das garras afiadas do hunter... Só havia uma explicação para isso.
- Ele está envenenado. - fala Rebecca, fechando seus olhos, esperando pelo pior. Ela sabia exatamente do que Chris precisava e sabia perfeitamente que não conseguiria isso.
- Carregue-o, precisamos ir para sala de música. - Wesker ordena autoritário, sem se importar com a condição do rapaz.
- Eu não acho que ele...
- Eu consigo. - Chris tenta ficar de pé, se apoiando na mesa de jantar. - V-vamos rápido, talvez tenha a-algum antídoto... por aí.
Estava fazendo um esforço enorme para permanecer forte e não atrapalhar o grupo. Sabia que não iria morrer daquele jeito, não por causa do veneno de um maldito Hunter. Precisava vingar a morte de sua irmã, e morrer daquele jeito seria uma ofensa à memória dela. Tentou ignorar as coisas estranhas que aconteciam dentro do seu corpo e começou a andar, muitas vezes prendendo a respiração em reflexo à dor, mas conseguindo manter o ritmo.
Jill ia atrás dele, sentindo seu coração apertar ao ver o rapaz tão forte, correndo risco de vida. “Eu não vou deixar você morrer, Chris. Não posso perdê-lo”.
Quando chegaram novamente na sala de música, Wesker foi direto numa parede e analisou-a cuidadosamente. Nenhum dos outros três estavam entendendo.
- Achei.
Colocou a palma da mão sobre uma área na parede e de repente, a parede começou a se movimentar, fazendo um alto estrondo enquanto era levantada automaticamente.
- Sensor ao calor. Vamos descer antes que...
- Espera aí, Wesker. - Jill o interrompe. - Por que infernos você não abriu esse lugar antes dos hunters aparecerem? Se tivesse feito, Chris não estaria assim agora! Você é um...
- Eu não tenho que te dar explicações.
- TEM, SIM! Você tem um dos crests, é do meu interesse o que você está fazendo. Se você quer entrar nessa passagem, que seja! Mas dê-me o crest antes, ou então me diga o que está escondendo, porque você está agindo estranho desde que entramos nesta sala!
- Quer que eu diga? Ótimo. Nós vamos entrar nessa passagem, porque é a única passagem que eu conheço no momento. E por que eu não entrei antes? Porque eu não queria ter que enfrentar sozinho um laboratório inteiro de TYRANTS, porque é isso o que tem lá embaixo e é o que vai acontecer se eu entrar nessa passagem, já que vocês são uns inúteis! Mas como eu não tenho mais escolhas, vocês podem ficar aqui, mas entreguem-me todos os seus crests!
- Escuta aqui, Wesker, você...
*thick*
Eles ouvem um barulho na caixa de som, interrompendo a discussão que estavam tendo agora.
- Participantes, eu me lembro de ter dado uma missão a vocês, não lembro de ter dado um tempo livre para baterem um papinho. Por conseqüência dessa falta de respeito, darei a vocês 10 minutos para colocarem esses crests nos devidos lugares, se não conseguirem, um de vocês morrerá, e eu irei escolher aleatoriamente.
- O QUÊ? NÃO! Espera um pouco, Blue King! - Rebecca olha para o alto, tentando achar as caixas de som. - N-Não precisa dar esse tempo, nós já estamos indo e...
- Precisamos de armas! - Chris reclama, tossindo logo em seguida.
- Blue King, Chris foi envenenado, ele precisa do antídoto, você precisa nos dar, ou ao menos falar onde eu possa conseguir! - Jill implora, com o coração apertado, não querendo ouvir uma negação por parte daquela sinistra voz.
- Senhorita Valentine, qual o sentido de vocês participarem de um jogo, se eu entregar tudo em suas mãos? Eu sugiro que deixe Redfield se virar e que você cuide de sua própria vida. Agora, devido à situação em que ele se encontra, acho justo entregar-lhe uma arma, tanto para ele se defender, ou para quem sabe, impedir que ele possa atrapalhá-los futuramente.
Jill apertou os punhos, começando a se enfurecer. Aquela voz insistia em falar que aquilo era um jogo, mas quatro já morreram! Não conseguiu ficar aliviada ao ver que Chris tinha ganhado uma arma para se defender, pois conhecia o rapaz, e sabia que se caso ele fosse um peso para o grupo, ele não iria hesitar em acabar com sua própria vida antes que o veneno o matasse.
Foi nesse momento que Jill jurou que não o deixaria morrer de nenhuma maneira. Ele não merecia morrer desse jeito, sabia que Chris tinha muito que fazer para vingar a morte da irmã. “Eu não vou perdê-lo... eu farei de tudo porque... eu... eu te amo, Chris”. - Ela deixa uma lágrima escapar. “Eu... te amo... desde... muito tempo. Você não pode morrer desse jeito”.
- Jill...? - Chris olha para a garota, estranhando.
- E-Estou bem... - ela vai até onde o pequeno compartimento havia sido aberto no chão e pega uma metralhadora e entrega para Chris. - Tome sua arma. Não se preocupe com nada. Vai dar tudo certo.
Wesker entra pela passagem, depois Rebecca, Chris e por último Jill. Enquanto andavam, Chris tinha apenas um pensamento. “Jill, você precisa me deixar de lado, não deve ficar se preocupando comigo. Estou sendo um peso pra você”.
De repente os quatro pararam de caminhar, ao ouvirem o estalar da caixa de som. Só que dessa vez, não ouviram a voz do Blue King, e sim uma voz de mulher que dizia:
“Contador iniciado: 10 minutos”
- DROGA!
 
* * *

A passagem era estreita e escura, e não mais que 5 metros a frente já havia uma escada metálica para desceram. A descida era igualmente estreita como se fosse da largura de um bueiro. Chris teve uma certa dificuldade, mas Jill o ajudou a chegar lá em baixo.
- Ele vai nos atrapalhar... - Wesker sussurra para si mesmo, mas ouvido claramente por todos. Talvez sua intenção não fosse sussurrar mesmo. - Como podem ver, só há um corredor a seguir, sem portas, exceto por aquela última ali.
Eles seguiram em passos rápidos para lá, Chris, com grande esforço, acompanhado-os na mesma velocidade, segurando habilmente a metralhadora. Quando chegaram, Wesker chutou a porta metálica e esta voou, batendo na parede do outro lado do cômodo.
- Bem vindos ao segundo laboratório dos Tyrants.
Entraram e olharam por todo o local. Era um enorme laboratório, com fortes luzes brancas e centenas de peças de vidro, como tubos de ensaio, pipetas e equipamentos necessários de um laboratório de pesquisa. O que chamava a atenção era que no meio do laboratório havia duas enormes câmaras metálicas, de dois metros ou mais.
“Ótimos garotos, apenas continuem aí dentro e vocês não morrerão.” - pensa Wesker, olhando para as câmaras.
- Ok, vamos procurar onde encaixar essas drogas de crests. - disse Rebecca retirando seu crest do bolso e indo para a direita. Todos se separaram.
“9 minutos...” - a voz feminina surgiu.
Eles se apressaram, vasculhando em todo o laboratório, jogando cadernos, livros e folhas no chão, tirando peças do local e não colocando de volta, fazendo bagunça e esbarrando nas mesas.
“8 minutos...”
- Eu não acho que seja nesse laboratório. Deve ser em outro lugar! - exclama Rebecca tateando a parede, tentando achar alguma outra passagem.
Jill deixa cair um caderno no chão, em cuja primeira folha estava escrito “Keys, Crests and Codes”. Ela folheia o caderno e percebe que eram anotações dos cientistas que trabalhavam no local, a respeito de senhas de portas, localizações de chaves... Nada explícito, apenas pistas e códigos para essas localizações, inclusive meios alternativos de abris tais portas, como o uso de crests.
Ela folheou rapidamente até encontrar mapas do piso principal da mansão, localizou a sala de música, depois a passagem secreta por onde haviam passado, até encontrar o laboratório secreto onde estavam.
“7 minutos...”
Nessa parte do mapa havia dados circulados de caneta em portas, gavetas e etc. que precisavam de chaves ou senhas para entrar. Finalmente ela viu um local escrito ‘crest’.
Nessa parte do mapa havia dados circulados de caneta em portas, gavetas e etc. que precisavam de chaves ou senhas para entrar. Finalmente ela viu um local escrito ‘crest’.
- Debaixo da mesa do computador! - ela grita para Wesker que estava mais perto da mesa.
Wesker se ajoelha rapidamente, olhando debaixo da mesa. Havia um compartimento extremamente fácil de abrir. Apenas puxou uma alavanca, a tampa se abriu e lá estava o local para colocar um crest.
“6 minutos...”
Ela voltou a examinar o mapa.
- Chris, no painel... atrás do... não, em cima da mesa metálica, com os líquidos amarelos!
O rapaz correu até a mesa, jogou no chão todos os vidros que estavam encima da mesa e achou um compartimento quase invisível. Encaixou seu crest.
*thick*
No mesmo instante em que ele encaixou, pode-se ouvir um pequeno som eletrônico. Como uma porta sendo destravada.
- O que foi isso? - todos se perguntavam, exceto Wesker que já conhecia aquele estalar. Trabalhar anos em laboratórios faz com que se conheça qualquer som estranho... e aquele som eletrônico era bastante familiar.
- Travas... das câmaras. - ele disse, olhando insistentemente para as câmaras no meio do laboratório.
Em menos de dez segundos após o estalar, a porta da câmara estava sendo violentamente jogada pra longe, pela força do Tyrant que saía de lá. O monstro de quase dois metros, com a pela completamente branca, olhou lentamente para todas as direções, reconhecendo os inimigos.
- Jill! Esses crests abriram a câmara??? - Chris grita de longe, começando a sentir seu corpo enfraquecer mais ainda por causa do veneno, começou a se arrastar para um canto da sala, enquanto empunhava sua metralhadora.
- E-Eu não sei! Provavelmente foi, mas... precisamos colocar os outros crests!
- Não mesmo! - exclama Rebecca. -Se colocarmos, a outra câmara vai abrir!
O Tyrant começou a dar lentos passos, pesados, fazendo o chão tremer.
“5 minutos...”
- Ou não! -Wesker se prepara para um eventual golpe do Tyrant, mesmo estando longe dele. No momento, todos estavam longe do Tyrant. - Talvez se encaixarmos os outros crests, esse Tyrant possa ser sacrificado. Vejam, ele ainda está ligado por fios que saem de dentro da câmara, é um experimento inacabado. Se acabarmos com a energia da câmara, ou do laboratório, ele vai morrer!
- O que te faz pensar que os outros dois crests vão acabar com a energia? - indaga Chris, caindo de joelhos no chão, com dificuldades para respirar. O veneno estava atingindo um alto grau.
- Porque eu já trabalhei com crests. Eles são como chaves de emergência. Se dois deles abriram o câmara e libertou o experimento, os outros dois irão interromper o experimento. É a única alternativa que existe, caso os computadores falhem.
“4 minutos...”
- OK! Rebecca, preste atenção... o outro crest... o outro crest... - Jill olhava para o mapa, mas não estava achando uma localização. De repente, o Tyrant começou a andar em direção ao Chris e quando Jill percebe isso, corre até o rapaz.
- JILL! O MAPA! - Wesker grita.
- Jill, não se preocupe comigo, continue olhando o mapa.
- Chris, você...
- Eu vou conseguir! Continue olhando para o mapa!
Wesker percebendo que o Tyrant estava indo na direção de Chris e Jill, resolveu dar um jeito na situação. Não poderia deixar que a garota estragasse o mapa por causa daquele sentimentalismo todo. Como não sabia a força do Tyrant, resolveu arriscar. Pegou uma cadeira e jogou bem nas costas do monstro, para chamar a atenção.
- Hey! Seu desgraçado! Venha até aqui!
O Tyrant lentamente virou-se para Wesker, começando a andar na direção dele.
- Chris, acabe com o pente. - disse calmamente e olhando fixamente nos olhos avermelhados daquela aberração.
Obedecendo pela primeira vez a um pedido do seu maior inimigo, Chris começou a descarregar o pente de balas nas costas e na cabeça do Tyrant.
“3 minutos...”
O monstro se enfureceu, dando um enorme passo na direção do Wesker, indo com suas garras diretamente na barriga do ex-capitão. Mas Wesker foi capaz de segurá-lo, usando uma enorme força para jogar o braço do Tyrant pra trás e chutar sua barriga. O monstro voa pelo laboratório, caindo bem longe.
Para a infelicidade de todos, o Tyrant se levanta, com pequenos arranhões.
- ACHEI! ACHEI A LOCALIZAÇÃO! - grita Jill, olhando no mapa. - REBECCA, ESTÁ PERTO DE VOCÊ! No chão, tem um compartimento no chão, perto de onde você está! Procure!
Rebecca começou a procurar, olhando para o chão, tateando, outras vezes chutando para ouvir algum som diferente. Com isso, ela chamou a atenção do Tyrant para ela.
“2 minutos...”
Wesker e Chris foram até o Tyrant... Chris continuava a descarregar o pente, e Wesker tentava se aproximar para socá-lo e quebrar seus membros, mas a aproximação era quase fatal, pois cada vez que Wesker se aproximava o animal lhe acertava algum golpe extremamente forte e veloz.
Os dois rapazes estavam se cansando, Chris estava sentindo o veneno impedir seus movimentos. O último pensamento racional que conseguiu ter foi jogar a metralhadora para Rebecca se defender.
Quando a garota se abaixou para pegar a metralhadora no chão, ela viu o compartimento.
- ACHEI!
“1 minuto...”
Ela encaixa o crest e rapidamente fica de pé, percebendo que estava cercada. Para qualquer lado que fugisse, estaria ao alcance do Tyrant. Na verdade, Rebecca tinha certeza que se o monstro corresse agora e a golpeasse, ela iria morrer. Por isso, terminou de descarregar o pouco das balas que tinha na metralhadora. Isso fez com que o Tyrant ficasse mais lento e caísse de joelhos no chão.
“Vamos, vamos...” - Jill pensava. Ela precisava achar logo o último lugar para encaixar o seu crest. Se ela conseguisse, a energia da câmera seria desligada e o Tyrant iria morrer instantaneamente. O nervosismo fazia sua mão tremer, mas seus pensamentos estavam concentrados em achar a localização.
Ela lia várias anotações, talvez não estivesse circulado no mapa, e, sim, escrito. Começou a ler, a folhear, enquanto Chris se dava por vencido e caía no chão, tossindo. Wesker tentava chamar a atenção do Tyrant, golpeando-o quando tinha a chance, mas a criatura estava obstinada a perseguir Rebecca.
“30 segundos...”
Jill leu uma anotação de algum cientista que trabalhava naquele lugar. “Certos tipos de venenos são utilizados nos experimentos feitos neste laboratório. Os antídotos estão guardados na gaveta B-4 da estante azul. Atenção: gaveta eletrônica, sem energia ela não funciona. Usar senha pessoal para abrir ou em caso de urgência utilizar qualquer crest em baixo da mesa no computador principal. Obs: preciso conseguir algum crest com o supervisor. Podem vir a ser úteis”.
“20 segundos...”
Após ler, Jill desvia sua atenção para Chris. Ele estava morrendo. Sangue começava a sair pelo nariz e estava ficando sem força para tossir, e até mesmo para se movimentar.
- JILL! RÁPIDO! JILL!
Rebecca gritava, jogando a metralhadora no chão, pois havia acabado as balas e tentava colocar alguma mesa na sua frente, para impedir o Tyrant de se aproximar. Mas ele estava a menos de dois metros dela.
Quando Wesker se aproximou, o Tyrant sem ao menos olhar para trás, deu-lhe um golpe que fez o loiro cair sobre uma mesa cheia de experimentos, do outro lado do laboratório.
- ACHEI A LOCALIZAÇÃO DO OUTRO CREST!
“Se eu usar este crest agora, a energia vai acabar e não vou conseguir pegar o antídoto para o Chris. Deus sabe quanto tempo irei demorar em fazer a energia voltar... ele pode morrer nesse tempo. Eu não posso deixar ele morrer!”.
“15 segundos...”
“Se eu não acabar com aquele Tyrant agora, Rebecca vai morrer, se eu não matá-lo antes do tempo, Blue King irá matar algum de nós! DROGA!”
- JILL! RÁPIDO!
“Eu posso... eu posso usar o crest para pegar o antídoto, e depois usar o mesmo crest na localização do mapa. Talvez a energia acabe somente na câmara... e não no laboratório... talvez... eu preciso!”.
Jill não sabia muito que pensar, mas ao ouvir Chris gemer, como se estivesse fazendo força para manter sua última chama de vida acesa, ela simplesmente correu em direção a estante e utilizou o crest, fazendo a gaveta abrir.
“10 segundos...”
Então, ela começou a correr na direção da localização que havia no mapa.
“9 segundos...”
Era do outro lado do laboratório, desviava de todas as mesas...
“8 segundos...”
...peças quebradas, tentando não escorregar nos líquidos que estavam no chão...
“7 segundos...”
Ao chegar numa certa parede, começou a tateá-la, tentando achar o compartimento descrito no mapa...
“6 segundos...”
...ela continuava tateando, com a adrenalina a mil, sentindo o suor escorrer pelo rosto...
“5 segundos...”
- Achei! - ela dá um soco na parede, e o local se quebra facilmente, como se a parede fosse feita de isopor. Lá dentro havia um compartimento com uma alavanca.
“4 segundos...”
Ela usa toda sua força para puxar a alavanca, mas não conseguia.
- ARRRRG!!!
“3 segundos...”
- WESKER! RÁPIDO!
“2 segundos...”
Ela grita por Wesker, e o ex-capitão corre com uma velocidade incrível até lá, ajudando Jill a puxar a alavanca.
“1 segundo...”
Ele praticamente quebra a tampa e lá estava o local de encaixar o crest.
“0...”
Ela encaixa o crest.

* * * 
 
A energia de todo o laboratório é desligada, ficando em completa escuridão. Nada podia ser visto, nada podia ser ouvido... Exceto a respiração da ex-integrante dos S.T.A.R.S. que tinha a testa encostada na parede.
Ela retira uma pequena lanterna do cinto e acende.
Mira em direção do Wesker, vendo-o sentado numa cadeira, com a mão sobre seus machucados. Vê Chris desmaiado no chão. Caminha alguns passos e vê...
- NÃO!!!!
As garras do Tyrant atravessavam o corpo da Rebecca, sangue nas paredes, nas mesas, no chão. Ela estava deitada sobre um Tyrant também morto. Os dois banhados de sangue, uma cena horrível que Jill jamais esqueceria.
- N-não foi suficiente... Não foi tempo suficiente! - seus olhos começavam a se encher de lágrimas. A culpa veio com toda a força.
Wesker se levantou e foi até a gaveta que Jill havia aberto, onde o antídoto estava guardado. “Se eu não usar esse antídoto no maldito do Chris agora, ele irá morrer. E eu não posso deixar isso acontecer, porque sou eu quem vai matá-lo algum dia. Ele só pode morrer por minhas mãos”.
Levantou o braço do rapaz desmaiado e injetou todo o líquido azul no sangue de Chris. Depois jogou a seringa bem longe e se deitou no chão, cansado. Estava cheio de ferimentos. Rebecca? Wesker não estava se importando muito. Jill já tinha culpa o suficiente pelos dois.
“Umbrella... um dia... um dia...” - Jill fecha seus olhos e jura acabar com essa organização, para sempre, mesmo que custe sua vida.
 
Tenha bons sonhos, se puder...

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