S.T.A.R.S Home - 9º e ultimo dia

O sol mais uma vez surgiu atrás das montanhas, os raios luminosos invadindo a mansão e dando a ela aspecto relativamente virtuoso, contrastando com os horrores ocultos entre suas paredes. Chris e Jill, já acostumados àquela rotina aterrorizante e se perguntando quando ela teria fim, logo deixaram o dormitório e seguiram até o hall. De pé junto a uma parede, o sofrido casal começou a aguardar as instruções de Blue King para aquele dia.
- Chris... - chamou a jovem num dado momento, aparentando preocupação.
- Sim? - indagou o rapaz, um tanto sonolento.
- Há algo que está me perturbando... Eu mal pude dormir esta noite por causa disso...
- O que é? - quis saber Redfield, abraçando a amada. - Pode me contar, Jill...
- É que, desde que chegamos a esta casa, todos os dias alguém morre... E agora restam apenas nós dois! Eu acredito que esse maldito Blue King acabe...
- Não diga mais nada... - pediu Chris num sorriso, abraçando Valentine com mais força. - Nós vamos escapar daqui juntos, entendeu? Juntos! Não importa o que acontecer ou que cilada esse maldito Blue King possa armar contra nós, sairemos vivos e unidos deste pesadelo! É minha palavra de honra!
Jill também sorriu, mais calma, e em seguida o rapaz disse:
- Claire me conhecia muito bem, e ela sabia que eu nunca quebro minhas promessas... Desta vez não será diferente, Jill, eu juro!
Os dois integrantes do S.T.A.R.S. permaneceram abraçados por mais alguns minutos, olhos fechados e corações acalentados, como se juntos fossem capaz de transpor o teto e voar para longe dali apenas com a força do amor que tinham um pelo outro... Mesmo se morressem, mesmo se fossem vítimas da crueldade que imperava naquele local... Nada poderia destruir aquele sentimento tão íntegro, nada!
Súbito, a fria voz de Blue King ressoou pelo ambiente:
- Lamento interromper um momento de emoção tão intensa, mas hoje é um dia decisivo. Para terem chegado vivos até aqui, vocês já podem se considerar verdadeiros campeões da sobrevivência!
- Não há vitória alguma em ver seus colegas morrendo todos os dias sem que seja possível fazer nada para salvá-los! - rosnou Chris. - Isto tudo não passa de uma matança desenfreada disfarçada de um jogo insano! Você está abatendo a todos nós como gado de corte num matadouro!
- Jogo! Foi bom mencionar essa palavra, senhor Redfield - afirmou Blue King num tom que fez Chris e Jill empalidecerem levemente. - A vida de vocês dependerá de um jogo que era disputado acirradamente pelos reis de séculos atrás... Cada movimento, cada decisão tomada, precipitada ou não... E as frágeis existências de vocês dois neste mundo penderão numa balança cujo equilíbrio estará fora de cogitação!
- De que diabos você está falando, seu louco? - inquiriu Jill, nervosa.
- Em breve descobrirão!
Nisso, os dois policiais ouviram o som familiar de maquinário trabalhando, simultâneo ao barulho de algo pesado sendo arrastado. Intrigados, perceberam que os ruídos vinham de baixo da escadaria que levava ao andar superior, e sem demora foram investigar. Não ficaram tão surpresos quando viram que a parede sob os degraus havia se deslocado horizontalmente e revelado um elevador secreto, cujas portas logo se abriram automaticamente, exibindo o interior revestido de metal.
O casal de início hesitou em adentrar o transporte, porém ambos sabiam que tinham de cumprir as tarefas de Blue King para terem a mínima chance de saírem vivos daquela propriedade que antes julgavam conhecer tão bem quanto a palma de suas mãos. Tensos, os dois jovens respiraram fundo por um instante, e segundos depois o elevador começou a descer pelas entranhas mais obscuras da mansão, o “hum” do maquinário enchendo os ocupantes de apreensão.
Bastaram apenas alguns segundos para Chris e Jill concluírem que a descida seria longa. Calados, mal sabiam que seus pensamentos estavam sintonizados num mesmo assunto: indagavam em suas cansadas mentes acerca de quem estaria por trás de tudo aquilo. A própria Umbrella? Algum maníaco psicótico metido a “Grande Irmão”? Ou simplesmente um dos hóspedes da casa que simulara sua morte num dos dias anteriores apenas para não levantar suspeitas? As possibilidades eram infinitas, assim como os perigos no caminho até a verdade...
- Será que esta coisa vai descer até o inferno? - perguntou Chris em voz baixa, pensativo.
- Nós já estamos nele há mais de uma semana, eu presumo... - respondeu Jill, séria.
De repente, um compartimento oculto numa das paredes do elevador, semelhante a um cofre, se abriu sem que Chris ou Jill tivessem tocado em nada. Os dois permaneceram imóveis por alguns instantes fitando o interior do cubículo, que continha uma edição do Raccoon Times, aguardando alguma eventual instrução por parte de Blue King. Como o ser onipresente daquela prisão nada pronunciou, Redfield apanhou o jornal e leu a manchete: “S.T.A.R.S. dados como mortos, buscas pelos policiais desaparecidos concluída sem sucesso”.
- Isso é horrível! - exclamou Valentine.
- Essa deveria ter sido a manchete dias depois da investigação dos S.T.A.R.S. na antiga mansão - disse Blue King subitamente. - Vocês nunca poderiam ter saído vivos daquela casa... E por isso estão pagando por tudo aqui. A senhorita Valentine chamou há pouco esta propriedade de inferno... Bem, eu prefiro chamar de purgatório. O purgatório particular de vocês!

- Que tipo de sádico é você? - bradou Chris, contraindo os punhos furioso.
Porém não houve qualquer tipo de resposta. Jill procurou acalmar o rapaz, ao mesmo tempo em que também insistia para si mesma que tudo aquilo teria um final feliz em breve, quando uma campainha soou, e as portas do elevador se abriram.
De mãos dadas e cautelosos, os dois policiais caminharam lentamente para fora... O caminho era escuro, impossibilitando qualquer visão do ambiente ou de eventuais perigos. Mesmo assim, depositando plena confiança em seus sentidos, o casal avançou pronto para tudo.
Enquanto prosseguiam praticamente às cegas, a voz de Blue King voltou a gelar-lhes os corações, estando carregada agora de tanta imponência e orgulho que é até difícil descrever com palavras:
- Hoje, nas entranhas desta propriedade criada para esse fim, será decidido o destino de dois seres humanos. Dois amantes. Dois sobreviventes. Dois mortais inimigos da Umbrella e de tudo que ela representa. Tal ocasião, doravante, não pode ser encarada de forma prosaica, ausente de brilho ou fator épico. Ela será um marco. Por isso, a definição de quem viverá e de quem morrerá deve decorrer do resultado de um jogo disputado acirradamente por reis e soberanos séculos atrás, um esporte que exige total destreza e concentração daqueles que crêem serem capazes de obter a vitória!
Ele parecia realmente se divertir. Chris e Jill, todavia, sentiam-se mais oprimidos a cada frase do algoz e a cada passo naquele mar de trevas e mistério.
- Será um embate de inteligência e força, prudência e agilidade, raciocínio e reflexo, neurônios e hemácias - Blue King continuou. - Quem vencerá? A sagaz Jill Valentine, dotada de enorme intelecto, ou o forte Chris Redfield, um autêntico e imbatível soldado?
- Do que diabos você está falando afinal? - exigiu saber o irmão de Claire.
Como resposta, vários holofotes foram sendo acesos um a um no teto do local, iluminando-o e permitindo que os recém-chegados vissem do que se tratava. Era realmente algo inacreditável, um cenário digno apenas de filmes ou livros de fantasia.
- Minha nossa! - Jill não pôde se conter.
O lugar era parecido com um ringue de hóquei ou um estádio de basquete: Chris e Jill se encontravam num nível mais alto, uma espécie de plataforma metálica com beirais que circundava a arena propriamente dita: um tabuleiro de xadrez de proporções gigantescas, cada casa tendo quase dois metros de lado e com peças detalhadamente esculpidas, boa parte delas maior que os próprios membros do S.T.A.R.S., os quais agora compreendiam perfeitamente os excitados dizeres de Blue King. Eles teriam de jogar. Suas vidas seriam decididas ali, e sobreviveria apenas aquele que dissesse “Xeque-mate!”.
- A senhorita Valentine jogará com as peças brancas, portanto ela já se encontra do lado correto - disse Blue King. - Senhor Redfield, como jogará com as peças pretas, queira humildemente contornar o tabuleiro para que fique em posição!
- Não vamos jogar porcaria nenhuma! - protestou Chris, explodindo mais uma vez. - Eu me recuso, não vou mais permitir esse terrorismo para cima de nós!
Cruzar os braços e não salvar nem a si e nem a mulher que ama, ou participar junto com Jill e talvez assim terem a chance de escapar ambos vivos?
Redfield calou-se. Fitou Valentine nos olhos, e viu que eles suplicavam para que acatasse as ordens daquele insano ser. Tinha de fazer aquilo por ela. Seria capaz de dar a vida para salvá-la, e sabia que Jill faria o mesmo por ele. Dessa maneira, em silêncio e com a cabeça baixa, Chris se dirigiu até o lado oposto do grande tabuleiro.
- Como faremos para disputar este maldito jogo? - indagou Valentine.
- Pergunta interessante - riu Blue King. - As peças são movidas a partir de comandos de voz. As brancas obedecerão apenas à sua voz, senhorita Valentine, e as pretas apenas à de Chris. Se vocês olharem bem, cada um dos peões é numerado de um a oito, e as peças em par, ou seja, torres, cavalos e bispos, se diferenciam entre um e dois. Basta que, a cada jogada, informem o nome da peça a ser movida e o número dela, dizendo em seguida que ação desejam realizar!
- Então seria algo como “Cavalo Dois, arranque a cabeça de Blue King?” - zombou Chris.
- Sem brincadeiras, senhor Redfield. Como presumo que vocês dois conheçam as regras do xadrez, podemos começar sem demais explicações!
- Espere! - interrompeu Jill. - Eu tenho uma pergunta!
- Sim, senhorita? - quis saber Blue King, aparentemente incomodado.
- Você garante que, depois de passarmos por mais esta sua prova estúpida, teremos a oportunidade de sairmos daqui, vivos?
- Oportunidades são coisas curiosas, senhorita Valentine. O xadrez, por exemplo, é um jogo no qual é vital saber aproveitá-las. A vitória nele, e na vida, depende justamente disso. Agora comecem, pois já principia a tardar!
E lá estavam eles. Prontos para mais aquele desafio, mais aquela situação em que suas vidas pendiam como numa balança. Tinham de ir em frente, tinham de vencer seus medos e seus anseios em nome da mínima chance de sobreviver. Era um jogo selvagem, um jogo mesquinho. E, na “Casa dos S.T.A.R.S.”, o verbo hesitar podia ser sinônimo de morrer.
Jill começou:
- Peão Cinco, avance uma casa!
A pesada peça, como num passe de mágica, se moveu automaticamente sobre o tabuleiro, ocupando a casa vaga à sua frente. Chris observou a disposição de seu exército preto. Era sua vez de jogar.
- Peão Sete, avance uma casa!
O movimento foi executado. Ambos os jogadores tinham a fronte suada, mãos trêmulas enquanto planejavam seus movimentos. Era uma estratégia complicada, pois um queria jogar de modo que o outro ganhasse. Depois de todos os horrores e mortes já presenciados pelo casal naquele lugar, tinham quase certeza de que o perdedor seria trucidado de alguma maneira asquerosa por Blue King. E como amavam um ao outro, preferiam morrer para salvar a cara-metade. Um pacto silencioso que cumpriam rigorosamente.
- Peão Dois, avance uma casa.
- Peão Um, avance uma casa!
As jogadas prosseguiam, incertas, errantes. Um querendo salvar o outro, fazendo o possível e o impossível para perder. Uma disputa totalmente às avessas. Blue King, ao contrário do que os amantes pensavam, percebia isso. Todavia, até o momento ainda não se manifestara.
- Cavalo Um, avance em L de ponta-cabeça, para a esquerda!
Medo. Incerteza. Angústia.
- Torre Um, avance uma casa!
Blue King estivera certo ao descrever aquele jogo. Era digno de reis. E era como se sentiam Jill e Chris no tocante à responsabilidade. Da mesma forma que a estratégia e ações de um soberano poderiam levar uma nação à glória ou à ruína, as decisões que tomavam naquele tabuleiro poderiam tirar uma vida. E, ali, dados como mortos para o mundo e sujeitos à vontade de um psicopata impiedoso, o direito a continuar existindo era o que tinham de mais importante.
Mais movimentos, mais inquietações. Peças se movendo, perdas para os dois lados. E a disputa não pendia para lado algum. Pelo contrário, estava extremamente equilibrada. Isso os deixava desesperados. O que aconteceria com quem perdesse aquela prova? E o vencedor? Sobreviveria ou também seria comida de vermes?
- Torre Dois...
- Bispo Dois...
- Peão Quatro...
- Rainha...
- XEQUE!!
A palavra fez o corpo de Chris gelar por completo. Era o aviso de Jill mostrando que seu rei estava em posição de ser capturado. Por sorte, depois de alguns segundos examinando o tabuleiro, o policial viu que poderia escapar movendo sua principal peça para uma casa ao lado. Foi um grande alívio para Valentine, que não queria de forma alguma vencer o amado. Este continuou apreensivo, semblante cansado de tanto pensar e também devido à enorme tensão que os envolvia.
A mortal partida de xadrez continuou. Os movimentos tornaram-se ainda mais confusos e precipitados. Várias vezes procuravam beneficiar o oponente, porém terminavam por fazer o contrário. E tais erros torturavam o coração dos jogadores. Queriam deixar logo aquele pesadelo, viver de forma tranqüila, buscar a felicidade...
- Xeque!
Foi a vez de Chris anunciar que o rei de Jill se encontrava vulnerável. A jovem examinou suas peças, os movimentos que poderia realizar... E uma sensação horrível tomou-a. Se movesse o rei para qualquer casa vizinha, ele seria obrigatoriamente capturado pelas unidades pretas de Chris. O rapaz estremeceu assim que percebeu tal coisa, ficando subitamente pálido. “Não, não, não!”, pensou, inconformado e quase chorando. Ele não queria...
- Xeque-mate! – Blue King sentenciou como um carrasco, sabendo que Chris não teria coragem suficiente.
Redfield vencera. O tabuleiro foi sumariamente limpo, as peças caindo por buracos abertos no lugar das casas. Chegara a hora do fim, do último ato. A questão era se o palco seria fechado com cortinas de cor vermelho-sangue...
A única peça a continuar no ato foi o rei de Chris, que segurava uma enorme espada prateada, que reluzia à luz daqueles gigantes holofotes e feria os olhos de ambos, já vermelhos de lágrimas.
Jill tocava os próprios lábios, enquanto seus soluços ecoavam pelo salão. Chris esfregava os cabelos, sem saber o que fazer.
- Senhor Redfield, a espada do rei é sua agora. Você é o rei.
Chris ainda não havia notado na espada, achava que fazia parte do cenário, mas logo percebeu que ela estava somente encaixada na peça, e imaginou o porquê daquilo.
- Pegue a espada, Senhor Redfield.
Ele teve, subitamente, a resposta para sua dúvida: era com a espada que deveria matar Jill, cravando-a em seu peito.
- Finalize o jogo. – concluiu Blue King.
- Não vou fazer seu jogo sujo, seu sádico! Ninguém mais vai morrer aqui, já chega! Já fizemos o bastante, poupe-nos de continuar neste lugar, deixe-nos ir...
Jill chorava desenfreadamente. Chris se aproximou e a abraçou fortemente, beijando-a com intensidade nos lábios. As lágrimas de ambos se misturavam e davam um ar salgado ao longo e apaixonado beijo.
- As regras são claras, Senhor Redfield. Pegue a espada e mate a Senhorita Valentine, ou quem morrerá será o senhor.
Jill estremeceu com as últimas palavras de Blue King.
- Você não pode... Já cumprimos provas demais aqui, por que não nos deixa ir embora? Eu imploro! – Jill gritava em meio a soluços. Chris nunca a vira assim antes, mas sabia que mesmo aquela mulher forte tinha seus momentos de fraqueza, e aquela era uma hora tão crucial que achou a jovem até equilibrada o bastante para tal situação.
- Implorar, senhorita Valentine? Não é o bastante. Orgulho ferido nunca foi o bastante para mim, que pude ver pouco a pouco a minha bela empresa decaindo como um baralho de cartas, e tudo pela traição de um imbecil como o Wesker e a maldita sorte de vocês, S.T.A.R.S.! Vocês devem sofrer até o último suspiro, que assim seja, para finalmente pagarem por todo o sofrimento que me causaram.
As lágrimas de Jill cessaram um pouco naquele momento e, finalmente, o “quebra-cabeças” começava a ser finalizado, quando o Blue King lhes dera a última peça.
- Oswell Spencer... Fundador da Umbrella... – disse Jill, olhando vagamente para o ar. 
- Nossa reputação nos precede, senhorita Valentine. Agora, queiram, por gentileza, dar um gran finale a esta história. Deveria ter terminado do meu jeito há anos atrás, mas nunca é tarde para se concluir um projeto.
- Não vamos mais obedecê-lo, Senhor Spencer. Acabou. – disse Jill, enxugando as lágrimas de seu rosto.
Um breve silêncio do outro lado. Jill e Chris se entreolharam, até que, de repente, um som de microfonia feriu seus ouvidos.
- Vocês dois estão infectados. – disse Spencer.
As palavras do sádico feriram seus ouvidos ainda mais do que o som insuportavelmente alto de microfonia dado segundos antes. Jill e Chris se entreolharam novamente, confusos, suas mentes embaralhadas e difusas. Spencer continuava:
- No momento em que vocês foram capturados e trazidos para dentro da mansão, eu tomei o cuidado de injetar algo em suas veias, para garantir que o final de meu show tivesse, de fato, um final.
- Você está blefando... – disse Chris, sorrindo.
Novamente, o som de “hum” de um maquinário se iniciou e a parede a frente deles se virou, revelando um painel, onde havia um compartimento transparente . De lá, eles podiam ver o seu conteúdo: uma seringa com um líquido branco.
- O antivírus contido naquela seringa é suficiente apenas para um de vocês, portanto, façam sua escolha imediatamente, pois reafirmo que somente um de vocês dois sairá vivo desta mansão. – disse Spencer, com um tom de voz triunfal.
Jill e Chris se entreolharam, as lágrimas voltavam aos seus olhos, e por um instante voltaram no tempo, anos atrás quando se conheceram. Um flashback passava por eles agora, silenciosamente. A atração foi mútua desde o primeiro olhar e o primeiro contato que tiveram dentro do S.T.A.R.S.. Chris pegou as mãos de sua amada, fitando-a firmemente dentro dos olhos.
- Prometi a mim mesmo que jamais deixaria algo acontecer com você e com a Claire. Infelizmente não pude salvar minha irmã, mas ainda posso manter minha palavra com relação a você.
Jill torceu o nariz, não entendia onde Chris queria chegar.
- Mate-me, Jill. Mate-me e vá embora daqui.
- Não, Chris... – dizia ela, chorando, segurando tão forte nas mãos dele como se pudesse uma força invisível grudá-las definitivamente.
- Eu te amo, Jill, e não vou permitir que seja você a última vítima deste homem. Por favor. Por nós. E por todos os outros que estiveram nesta casa. Vamos acabar com isso. Eu imploro, Jill.
Chris forçou um sorriso, e então afastou suas mãos das mãos da jovem, que teve uma sensação de desamparo diante daquele ato. Ele, então, puxou a espada do rei e a colocou nas mãos de Valentine, que sentiu o seu peso como o imenso peso de uma vida nas palmas de suas mãos suadas e trêmulas. A vida que estava agora em suas mãos era a do homem que amava, do homem que respeitava acima de tudo e todos, do homem cujo sabor dos lábios jamais esqueceria.
- Eu te amo, Chris. Me perdoe, por favor.
- Acabe com isso, meu amor
Jill, então, cravou a espada no peito de Chris, atravessando-o, enquanto o sangue respingava do outro lado e escorria pelo corpo do rapaz, formando uma enorme poça ao seu redor. Chris estava com os olhos semicerrados, sua respiração interrompida e um fiapo de voz escapara de sua garganta quando ela torceu a espada, enquanto lágrimas também escapavam dos olhos de Jill. E quando puxou a espada, removendo-a do corpo de Chris, sangue jorrou por uns poucos segundos, e a jovem gritou, coberta com o sangue ainda quente de seu amado, que, finalmente caíra no chão, dando um último suspiro e, então, silenciando e cerrando os olhos definitivamente. 
- Está feito, Spencer. – disse Jill, num fio de voz, jogando a espada no chão.
Um som de algo sendo destrancado pôde ser ouvido bem de perto, e o compartimento começou a se abrir. Ela se aproximou e pegou a seringa, injetando-a em sua veia e sentindo uma dor intensa que quase a fez gritar. 
- A senhorita está livre para partir, Valentine. Aproveite sua liberdade de uma forma jamais apreciada antes.
Um novo som de ecoou pelo salão. Jill procurou com os olhos o que havia sido aberto por Spencer, mas não encontrou.
- A porta de entrada da mansão foi aberta, senhorita Valentine. Há um helicóptero esperando lá fora.
Jill nada disse. Pegou novamente o elevador e chegou ao hall, onde a porta estava agora destrancada. Ela tocou os puxadores dourados com força, ouvindo o som do helicóptero do lado de fora.
- Um dia eu entrei por esta porta, e agora estou deixando este lugar, pela segunda vez, por ela.
E, finalmente, abriu a porta. Havia um homem de cabelos bem grisalhos dentro do helicóptero, que ajudou Jill a subir, estendendo-lhe a mão. Ela pegou sua mão e subiu no helicóptero que alçou vôo, deixando a mansão para trás. Pela segunda vez.
- Meus parabéns, senhorita Valentine.
Ela percebera que aquele homem era, de fato, Oswell Spencer, e seu ódio se misturava com surpresa de poder estar dividindo o mesmo espaço com o fundador da Umbrella, o assassino de Chris e seus amigos e o causador da destruição de sua cidade. Ela permaneceu calada.
- Sei que você vai odiar o que tenho a dizer agora, senhorita Valentine, mas você e seus amigos pediram por isso. Vocês me deviam esta.
Jill encarou o homem com os olhos frios, como se seu olhar fossem o bastante para penetrar o dorso daquele senhor, como a espada fizera com Chris.
- Algum dia, nós nos reencontraremos, e então a senhorita poderá se vingar de mim. Enquanto isso, você terá tempo para planejar sua vingança e a minha dolorosa morte. Este é o prêmio por ter vencido o meu jogo. – o homem, então, a fitou profundamente nos olhos. - Vamos nos reencontrar muito em breve, Jill Valentine.
E a viagem prosseguiu sem que nenhum dos dois voltasse a dizer qualquer palavra. Alguns minutos depois e o helicóptero pousou em meio a um enorme deserto. Estavam no Texas.
Jill desceu do helicóptero, suas botas tocando o solo erosivo e destruído pelo calor do local. Olhou em volta e respirou por um minuto, inspirando e expirando o ar, como se quisesse renovar o oxigênio de seus pulmões.
- Estarei esperando por você. – disse o homem, de dentro do helicóptero. – Até um dia, Jill.
A jovem cerrou os punhos, suspirando e, finalmente, dizendo:
- Até um dia... Spencer.

FIM

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Tenha bons sonhos, se puder...

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